Poderia dizer honestamente que acha a vida diária uma delícia?
O rosto dos trabalhadores, viajantes, donas de casa, refletem
preocupações, tristeza, apatia...
O ritmo da vida é mais rápido e na pressa de fazer as coisas
situamos mal a verdadeira felicidade
A felicidade é fácil de definir num livro
Tê-la como parte regular da vida, agora e no futuro parece ser um sonho impossível
Mas, chega de choradeira
Prefiro estar viva a estar morta!!!
Qualquer mulher ficaria com medo
“Você não precisa ter mais medo” – Ele disse
Sim – respondeu
“Você não precisa ter medo, vamos fazer amor”
Sim! – Ela disse – Enquanto seus olhos fitaram o espelho no teto e viu refletido nele seu corpo e o dele
Virou o rosto e passou a mão pelos seus cabelos, seu rosto, a pinta que ele tinha próximo a boca e o abraçou bem apertado confundindo as batidas do seu coração com o dele
Fechou os olhos e pensou: O que seria dela logo mais quando amanhecesse?
Ele levantou o trouxe as taças de espumante
Estava nervosa quando colocou em seus lábios e de um só gole virou toda ela na boca
E então segurou o mais que pode
E depois
Um pouco mais violento
Um pouco mais rápido
Não sei se você me entende – Ele disse – Como é bom ficar nas nuvens
Como é bom fazer amor
E ela pensou
Ou, mais provavelmente não pensou em nada
Só fazia estar
Deixou-se ir
A janela aberta, dia nublado
livros caídos no chão
Rosto desanimado
Primavera, o mudar da estação
O café
A filha
O tédio
A encheção
A mesma música
Tocando sem parar
Entender, entender, entender...
Começar de novo
Escrever, escrever, escrever...
E não poder falar
Um palavrão
Ser amável
Obrigada!
Tentou contar-lhe tudo sobre si mesma
Ele estava apenas a alguns passos dela
Não era feliz?
Foi isso o que disse?
estava vendo tudo deformado
Era terrivelmente estranho
- E se você começar a ver o mundo pela janela e não se olhar no espelho?
Como você aceitaria o mundo? Aceitaria como seu mundo?
- Eu estarei lá fora junto com as nuvens ou dentro de uma estrela. O mundo é cada pedaço de mim.
- E se juntasse todos os pedaços?
- Não caberia dentro de mim, tenho de partir.
- Posso levar um pedaço dessa partilha? O que sobraria?
- Uma imensa solidão.
Ficou deitada, contemplando, achando estranho
O tom, a cor da tarde... Algo a fez deixar o livro de lado e ir até a janela
Contemplandouma cidade pequena
de ruas difíceis e feias casas vermelhas
Ao mesmo tempo algo incomodava
Dando o que pensar
nessas ocasiões havia nela uma faísca
Um vislumbre,
um jato de luz nos seus penetrantes olhos castanhos
Isto tanto a intrigava quanto aborrecia
Sentia quando fitava o céu uma vaga nuvem de angustia e tristeza
Devia ter sido aquele lume
Focalizado expressamente sobre ela
Não via o sol
Via o fogo!